Bei do bem

Irmãs com deficiência visual participam da programação da Rádio CDN e relatam sonhos profissionais

Autor: Luis Gustavo Santos

A paixão pelo rádio faz com que as irmãs Larissa dos Santos de Andrade, 15 anos, e Raíssa dos Santos de Andrade, 13 anos, acordem diariamente antes das 6h para acompanhar as primeiras notícias do dia no programa Giro de Notícias, da Rádio CDN, com Gilberto Ferreira. Engana-se quem acha que sair da cama tão cedo é um esforço para elas. Na verdade, é uma motivação estar na companhia do profissional por meio das ondas sonoras.

A admiração pelo trabalho não é exclusiva a Gilberto. As irmãs acompanham toda a programação da CDN. Do início ao fim. Foi ouvindo e interagindo com os apresentadores que a história delas chegou até o Grupo Diário. Nesta sexta-feira (23), acompanhadas da mãe, Patrícia, elas participaram ao vivo do quadro Bei do Bem, no programa Bei nos Bairros, na sede do Grupo Diário, em Camobi.

– Eu estou muito feliz de estar aqui. É uma grande oportunidade de falar aqui com vocês – celebrou Raissa.

As irmãs nasceram com glaucoma congênito e sem nenhum traço de visão. Além de ouvir rádio, amam ler e escrever. As duas sonham em trabalhar com a voz. Raissa quer ser cantora e se apresentar em palcos do Brasil e do mundo. Já Larissa se inspira nos repórteres do Diário:

– Meu grande sonho é ser jornalista. Eu gosto muito de notícias da política, segurança pública e de esporte também.

Ela conta que até começou ouvindo outras emissoras, mas foi na 93.5 que veio a identificação com o radiojornalismo.

– Eu aprendo muito com a Rádio CDN. É muito legal. É um grande sonho. Se Deus quiser, eu vou trabalhar aqui no Diário de Santa Maria – afirma a jovem.

Patrícia conta que para ajudar as filhas a alcançarem seus sonhos batalha para comprar um computador para Larissa estudar e uma máquina de escrever adaptável para Raissa escrever. A mãe abriu um financiamento coletivo na internet para arrecadar dinheiro para os equipamentos.

– Fizemos uma vaquinha online para ajudar elas a buscarem seus sonhos. Eu faço de tudo por elas. Abrimos em maio, mas tá meio parada, não arrecadamos muito – conta Patrícia.

As contribuições para o sonho das meninas podem ser feitas pelo link ou pelo número (55) 99104-8158.

Obstáculos diários

A falta de acessibilidade em locais públicos impõe desafios diários para as duas.

– Carregar as duas com bengala é muito complicado. Elas caiam nos buracos, encontravam calçadas irregulares. De ônibus também é muito ruim. As pessoas não cedem o lugar, ou quando cedem, reclamam – lamenta Patrícia.

Na perspectiva da mãe, a cidade não está preparada para atender pessoas com deficiência. A van escolar, que antes buscava as meninas na porta de casa, não busca mais. O acesso à casa delas no Bairro Parque Pinheiro Machado é de difícil acesso para o transporte.

– Tem muito barro, a van não consegue entrar. Eu tenho que levar elas até a Avenida Brasil, que é asfaltada. Em dia de chuva, é bem complicado porque preciso carregar as duas desviando do barro – relata a mãe.

As irmãs estão aprendendo a andar sozinhas com a bengala, mas, segundo a mãe, ainda há lugares que elas se machucam devido às más condições de acessibilidade.

– Quando eu tô triste, elas me chamam: “mãe, vem ouvir a CDN”. Isso me dá ânimo. É por elas.


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